Amor inconsciente: quando se torna?

Amor inconsciente: quando se torna?

O amor inconsciente vai além de nossas crenças e valores. Sem perceber, nos leva a tomar decisões que muitas vezes não entendemos. Falamos sobre isso neste artigo.

Amor inconsciente: quando se torna?

Última atualização: 07 de janeiro de 2022

O amor pode produzir uma metamorfose em nós. Podemos nos tornar uma pessoa muito diferente de quem realmente somos. Até estranhos. O amor é um sentimento tão difícil de explicar que às vezes toma conta de tudo: aqui se torna amor inconsciente.



Todo mundo tem sua própria definição de amor com base no que viveu, leu, ouviu. O dicionário Treccani define o amor como “um sentimento de profunda afeição por uma pessoa que se manifesta como um desejo de obter seu bem e buscar sua companhia”.

Neste artigo falamos sobre o amor que vai além da consciência. Vamos descobrir o que é, quais são as características desse sentimento e como reconhecê-lo.

Se nosso medo consciente é o de não ser amado, nosso medo real e inconsciente é o de amar.

-Erich Fromm-

Quando o amor fica inconsciente?

Vamos falar sobre amor inconsciente para descrever aquele sentimento que se move através de sonhos, desejos, medos, impulsos e emoções, que anda de mãos dadas com instintos e impulsos. É difícil para nossa consciência acessá-lo, porque seu conteúdo é reprimido, ou pelo menos em parte.

Você já se perguntou por que encontramos pessoas que nos atraem profundamente, mas ao mesmo tempo representam a essência de nossas frustrações? Talvez porque existam aspectos subconscientes que nos levam a sentir esse tipo de atração, que pode se tornar amor inconsciente.

Às vezes não sabemos por que amamos profundamente uma pessoa: apenas temos um sentimento muito intenso. É por isso que estamos ao seu lado, felizes ou não.



Esse amor nos leva a fazer escolhas que estão além da nossa consciência e nossa consciência. Embora possa parecer difícil de entender se você não viveu, essa dinâmica ocorre com frequência.

O que diz a psicanálise?

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, sugere que o inconsciente se manifesta por meio de sonhos, criatividade, erros e sintomas, entre outras dimensões. Portanto, poderíamos reconhecer esses aspectos prestando atenção às suas manifestações. A psicanálise também nos permite acessar esse conteúdo.

A própria psicanálise afirma que muitas vezes fazemos escolhas inconscientes, e um deles poderia ser o amor. E fazemos com base no desenvolvimento da nossa personalidade, das nossas experiências e da cultura de referência.

Graças à ação dos mecanismos inconscientes, buscaríamos um amor que satisfizesse nossas deficiências, mesmo aquelas que não conhecemos, que isolamos e aprendemos. É por isso que é difícil entender por que somos pressionados a fazer escolhas que podem ser tóxicas para nossa vida. Sem saber de onde vem, agimos sem saber.

Mas o amor inconsciente não deve ser confundido com o amor tóxico: um amor inconsciente também pode não ser tóxico. Isso dependerá dos mecanismos ativados e das experiências pessoais. Também pode ser o amor cego, no qual não enxergamos o outro objetivamente e o idealizamos, esperando que ele atenda todas as nossas expectativas.

Características do amor inconsciente

Vamos tentar indicar as principais características do amor inconsciente:

  • Idealização. Pode ser um traço de amor inconsciente quando superestimamos alguém para preencher nossas lacunas. Em outras palavras, nós o usamos como um mecanismo de defesa.
  • Encher. É uma forma de satisfazer nossas necessidades, uma construção mental que, como sugeriu o psicanalista francês Lacan, depende da cultura e da linguagem.
  • Gioia. É uma satisfação instintiva, ou melhor, a união entre a dimensão simbólica e a realidade.
  • Instintivo. Referimo-nos a um amor que vem do mais profundo do nosso ser: instintos, impulsos e desejo. Aspectos que escapam ao nosso eu consciente.
  • Imagem mental inconsciente. Essa imagem influencia nossas escolhas e é resultado de experiências, desejos, instintos, medos e legados.

O amor inconsciente vai além do que vemos na realidade. Ela se move pelos caminhos marcados pelo nosso universo interior. E nos deixa perplexos porque ignoramos seus mecanismos.



Como reconhecer o amor inconsciente?

Pode parecer complicado, mas existem várias maneiras de reconhecer o amor inconsciente. Deve ficar claro, no entanto, que nunca teremos controle absoluto sobre ele. Aqui estão algumas ferramentas para identificá-lo:


  • Autoconhecimento. Prestar atenção ao que acontece dentro de nós pode nos ajudar a sentir um amor que está além da consciência. Embora nos seja impossível acessar todo o seu conteúdo, podemos ver uma parte dele através das manifestações do inconsciente.
  • Psicoterapia. O psicoterapeuta pode nos ajudar a enxergar os aspectos que não vemos, pois ele é especialista em identificar manifestações. Além disso, ele é capaz de traduzi-los em palavras que são compreensíveis para nós.
  • Não sabemos por que amamos quem amamos. Se nos perguntarmos o que fazemos com nosso parceiro, pode ser amor inconsciente.
  • Quando não sabemos descrever o sentimento que tentamos. Se não soubermos como isso aconteceu e não pudermos colocar nossos sentimentos em palavras, pode ser amor inconsciente.
  • Idealizamos o parceiro. Usamos a idealização como mecanismo de defesa para escapar de nossa angústia.
  • Automutilação sem saber por quê. Quando temos um relacionamento tóxico, damos tudo e não sabemos como fugir porque há “algo” - não sabemos o quê - que nos liga a essa pessoa.
  • Nossas ideias sobre o amor não representam o amor verdadeiro. Quando o amor que sentimos não corresponde ao ideal que temos sobre esse sentimento.

O amor inconsciente vai além de toda lógica. É difícil de entender e colocar em palavras. É uma sensação intensa, mas não sabemos como surgiu nem por quê.


É um amor que vem de nossas velhas feridas, de desejos, experiências, medos, heranças, impulsos. Isso pode nos levar a fazer escolhas que nunca teríamos considerado. Um amor que nos muda, porque nos parece tão estranho, mas na verdade está intimamente relacionado ao nosso mundo interior.

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