Última atualização: 30 de outubro de 2016
Amor sem ternura não combina comigo, não quero. Não é autêntico. Porque para mim a ternura é a linguagem mais culta e delicada do afeto. A cada palavra, a cada gesto e a cada abraço oferecido com ternura, abre-se o vaso da nossa essência mais íntima, aquela que nos define no vínculo da pessoa que amamos.
"Ternura" é a palavra que agora só encontramos no Museu dos Gestos Esquecidos. Além disso, nem todos são feitos desse material com que o afeto encontra seu caminho, seu ápice, seus caminhos para dar um sentido real ao amor. Você precisa de uma certa serenidade e calma interior para se encontrar na delicadeza daquelas ruas, para encontrar aquele carinho sincero que acaricia a pele e faz o coração bater.
“Nada é pequeno no amor. Quem espera grandes oportunidades para mostrar sua ternura não sabe amar”.
(Laure Conan)
Paul Elkan, um dos psicólogos mais famosos no campo dos estudos da emoção, propôs uma tese em 1999 na qual argumentava que a ternura é uma emoção básica que muitos negligenciaram. Nele, a necessidade de atenção, carinho, empatia e a necessidade de intimidade se harmonizam com a qual damos segurança e aconchego.
A ternura é, antes de tudo, um gesto de oferecimento, a expressão mais autêntica de afeto.
O exercício diário da ternura nos torna pessoas dignas
A ternura nos torna seres humanos dignos. Ela nos permite adquirir um conhecimento em que a simplicidade finalmente obtém uma essência mais digna e sábia, que vence o artifício, o egoísmo e o materialismo, para se encontrar pele a pele e coração a coração com seu amado.
No entanto, há um aspecto que não podemos deixar de fora. Como dissemos anteriormente, nem todos sabem nem podem oferecer a verdadeira ternura: é preciso uma boa dose de paz interior, maturidade emocional e autoconhecimento. Para amar com paixão e honrar com ternura, devemos oferecer o melhor de nós mesmos e isso nunca será possível se fugirmos de nós mesmos.
Outro aspecto a ser considerado no exercício cotidiano da ternura é que ela não se expressa apenas nos momentos mais íntimos: na arte da sensibilidade, ela é representada na corporeidade. No entanto, os mais sábios e empenhados em doar por afeto sabem que "Ternura" significa proximidade e desejo de se reinventar na linguagem da benevolência, para agradar o coração do outro.
O afeto como processo de autoconhecimento
A nenhum de nós foi ensinado o básico do amor mais proveitoso, aquele que não machuca e que nos permite crescer. Não fomos ensinados ou mostrados por um livro, mas vimos e vivenciamos isso na infância, momento em que toda criança é iniciada no mundo do afeto de maneira mais ou menos correta.
A ternura é o vínculo mais poderoso, é necessário fortalecer o vínculo saudável e sólido entre pais e filhos. É também o apoio emocional mais importante para uma criança. Depois da infância, usamos esses significados, gestos e ritos de afeto com nossos entes queridos.
Isso nos mostra que a ternura deve estar presente em todo o nosso ciclo de vida. Porque atenção, carinho e carícias dão vida a uma correta educação dos sentimentos.
Se colocarmos em prática essas três dimensões sem medo ou hesitação, nossa forma de comunicação será mais eficaz. Saberemos escolher as palavras para mergulhar nos olhares, seremos sábios artesãos da intimidade que nutre o afeto, que acalma os medos e dissipa as dúvidas. Porque nada é mais poderoso do que um abraço quando nosso parceiro precisa, mesmo que seja ainda mais gratificante quando é dado sem motivo específico. Só porque nosso coração pede.
Agora você sabe o quanto é importante ser “educado” para fazer malabarismos com o afeto e administrar a ternura. Só assim você pode construir laços mais fortes e significativos. Por que, acredite ou não, o que realmente dá força e vitalidade ao amor é a ternura, a atenção e o carinho que se revela nas coisas mais simples e elementar da vida cotidiana.
A expressão da ternura é doce, delicada e preciosa, porque nos obriga a abrir o pote de nossa essência para compartilhá-la sem medo com as pessoas que amamos. Deixamo-nos conhecer sem barreiras defensivas para aplainar todos os caminhos e assim favorecer um encontro pleno e excepcional.
Porque, afinal, é a ternura que dá vida ao idoso, que adormece a criança e que desarma o adulto.