Última atualização: 02 2017 agosto
Você já sorriu para o seu interlocutor e ele retribuiu o sorriso? Você já notou o que acontece quando você se senta ao lado de alguém que está triste e lhe conta o que aconteceu com ela? Como os torcedores se sentem quando seu time marca um gol? A resposta a essas perguntas está em um fenômeno conhecido como contágio emocional. Vamos ver o que é.
Toda vez que interagimos com uma ou mais pessoas, os mecanismos de contágio emocional são ativados. Quando estamos com nosso parceiro, com um grupo de amigos ou no trabalho, nossos relacionamentos são afetados pela maneira como nos dirigimos aos outros.
Desta forma e de acordo com a teoria de Daniel Goleman, cada um de nós é em grande parte responsável pelos sentimentos das pessoas com quem interagimos todos os dias, tanto positivamente quanto negativamente. No entanto… que mecanismos têm esta tarefa?
Emoções se infectam
A forma como o motorista do ônibus ou nosso parceiro nos cumprimenta quando começamos o dia pode nos fazer sentir ignorados, ressentidos ou, inversamente, valorizados. As emoções, mesmo que sejam invisíveis, são infectadas como se fossem um vírus, e eles fazem isso por meio de uma troca subterrânea em cada um de nossos relacionamentos, e nós os percebemos como negativos ou positivos.
A transmissão das emoções é um processo primitivo e inconsciente que atua como sincronia e parte da nossa sobrevivência. Através dos diferentes mecanismos, as pessoas realizam uma dança emocional para sintonizar suas expressões faciais. Tudo começa com um sorriso, uma expressão de raiva ou algumas lágrimas. Basta ver alguém expressar uma emoção para que o mesmo humor nos contagie.
No entanto, geneticamente falando, estamos todos predispostos a participar deste contágio, há pessoas que têm maior capacidade de transmitir emoções ou de as contagiar aos outros. Pessoas hipersensíveis que são como esponjas emocionais capazes de absorver qualquer ápice emocional que ocorra em seu ambiente circundante, ou os HSPs (Highly Sensitive People). Há, porém, também o outro lado da moeda, ou seja, pessoas incapazes de sentir emoções, como os psicopatas. No entanto, quem são os responsáveis por esse contágio emocional?
O papel dos neurônios-espelho no contágio emocional
No cérebro existe um grupo de neurônios que, segundo Daniel Goleman, eles funcionam como um "wifi neuronal" para nos conectar com outros cérebros e que refletem em nós o que observamos nos outros. São neurônios-espelho. Graças a eles, por exemplo, ficamos animados quando assistimos a um filme ou nos preocupamos quando alguém se machuca.
Quando os neurônios-espelho são ativados, eles ativam os mesmos circuitos cerebrais que estão ativos na pessoa que observamos. Para isso, podemos sentir uma emoção como a nossa, mesmo que não a sintamos em primeira mão. Graças a eles e a diferentes áreas do cérebro, como o lobo da ínsula, são explicados fenômenos como o contágio emocional.
É comum se perguntar quem é a pessoa que marca o tom emocional de um grupo. De acordo com alguns estudos, será o membro mais expressivamente emocional se for um grupo semelhante. Bem, se é um contexto de trabalho ou escola, em que há diferenças de poder, a pessoa mais forte definirá o estado emocional do resto do grupo.
Empatia x contágio emocional
Muitas pessoas, ao falar do fenômeno do contágio emocional, associam-no à empatia; porém, mesmo que tenham alguns pontos em comum e às vezes um use o outro, não são a mesma coisa.
Empatia significa colocar-se no lugar da outra pessoa, levando em consideração sua perspectiva de vida e seus sentimentos. É uma arte que nem todos conseguem aplicar nas suas relações com os outros, mas que seria útil se fosse usada com mais frequência. Isso se colocar no lugar dos outros não significa privar-se de seus sentimentos e emoções. Simplesmente leve em conta que existem outros e tente entendê-los.
Contudo, o contágio emocional leva a tornar as emoções dos outros próprias e não conseguir se livrar deles, sofrendo as consequências.
Para entender a diferença, podemos pensar que a empatia é como mergulhar na água e o contágio emocional, por outro lado, corresponde a beber um copo de água. No primeiro caso fazemos isso para conhecer e entender o comportamento desse fluido, no segundo, para torná-lo parte de nós.
Bem, essa diferença não implica que em um dado momento um não precise do outro, porque para ter empatia são necessárias pequenas doses de contágio emocional, mas sem ser vítima de uma abdução emocional. Isso não significa que o contágio emocional seja negativo, mas nos priva de autonomia e é acolhido com emoções positivas! Quem não gosta de ver uma pessoa rindo alto e nos contagiando com sua hilaridade?