Feridas emocionais estimulam a criatividade

Feridas emocionais estimulam a criatividade

Feridas emocionais estimulam a criatividade

Última atualização: 03 de janeiro de 2017

O caminho da compreensão da complexidade da vida pode ser incrivelmente proveitoso para o nosso bem-estar psicológico. Abraçar a dor e, em geral, as emoções consideradas “negativas”, tentar vê-las como parte fundamental da nossa existência, tem muito a ver com criatividade.

Nas últimas décadas, uma das características marcantes da sociedade ocidental tem sido a constante aversão à dor, em qualquer de suas manifestações. Em uma cultura que nos acostumou ao consumo imediato e à satisfação instantânea de nossos desejos, emoções como tristeza, raiva, decepção ou frustração parecem não encontrar lugar.



Essas emoções são percebidas como alterações pouco funcionais, que nos tiram dos circuitos de produção e consumo. Quando, ao contrário, não abrimos mão da dor, mas a incluímos como elemento que nos constitui e faz parte de nós, ativamos e expressamos a verdadeira criação..

"Criatividade é permitir-se cometer erros."

-Scott Adams-

Que emoções nos tornam mais criativos?

Ao longo da história, muitos artistas e cientistas afirmaram ter alcançado os mais altos níveis de criatividade nos momentos menos felizes de suas vidas.

A neurociência tentou lançar alguma luz sobre as conexões cerebrais que abrem as portas da criatividade. Um estudo do Dr. Roger Beaty permite argumentar que pessoas com níveis criativos mais altos têm uma conexão mais forte entre duas áreas do cérebro que geralmente não se dão muito bem.

Desta pesquisa também deduzimos que pessoas que têm um compromisso emocional mais profundo, ou seja, aquelas que estão abertas a aprofundar suas emoções, estão mais abertas à inspiração. Este último é um dos índices de criatividade mais confiáveis ​​no que diz respeito ao nível intelectual.



Outros estudos descobriram que quando os indivíduos estão em um ambiente incomum, no qual experimentam emoções conflitantes, sua criatividade aumenta.. Isso acontece porque o cérebro é forçado a fazer associações que em situações normais não faria.

Quanto às emoções, também foi demonstrado que estados emocionais positivos podem estimular a criatividade, pois permitem produzir mais ideias. Estes, no entanto, não são necessariamente mais originais. No caso de emoções negativas, como tristeza, raiva, melancolia ou decepção, porém, as pessoas são capazes de produzir mais ideias quando o trabalho criativo é considerado interessante. Então, um indivíduo que tem um humor negativo encontra no processo criativo uma solução para retornar a um estado neutro ou positivo.

"Para viver uma vida criativa, devemos perder o medo de cometer erros."

-Joseph Chilton Pierce-

Educação emocional e criatividade

Sir Ken Robinson é educador, escritor e especialista em questões relacionadas à criatividade. Ele foi nomeado "Sir" pela rainha da Inglaterra em reconhecimento por ter incluído cursos de arte no currículo escolar pela primeira vez.

Seu discurso em uma conferência TED, no qual ele argumentou que a abordagem educacional tradicional da escola mata as emoções e a criatividade das crianças, foi o mais visto da história.

A pesquisa de Sir Ken Robinson mostra como 90% das crianças em idade pré-escolar exibem um alto nível de pensamento criativo. Ao longo dos anos escolares, no entanto, apenas 12% das crianças de até 20 anos conseguem manter esses níveis de pensamento divergente.


No entanto, a criatividade é, mais uma vez, uma qualidade muito procurada na sociedade do século XXI. E muitos estudos mostraram que as características emocionais do indivíduo têm um impacto específico em suas habilidades criativas e artísticas.


Existem muitos processos psicológicos que afetam a manifestação dessas habilidades. Entre eles, a tendência a manter o humor positivo. Estes têm uma estreita relação com a produção de dopamina, o que facilita o desenvolvimento flexível da atenção e a capacidade de desenvolver perspectivas mais cognitivas.

Os estados emocionais negativos, portanto, também afetam a criatividade, mas de maneira diferente. Durante a fase de dor e tristeza, o impulso criativo geralmente está relacionado a um tipo mais específico de trabalho de produção criativa, como música ou escrita.


Embora as emoções estejam relacionadas à criatividade, sua relação depende muito do tipo de trabalho criativo que temos que fazer. Alguns pesquisadores argumentam que os humores positivos afetam os estágios de percepção e o estágio final do processo criativo artístico, enquanto as emoções negativas afetam os estágios iniciais de preparação, incubação e ideação.

"Toda criança é um artista, o problema é como continuar sendo um artista quando crescer."

-Pablo Picasso-

 

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