Sempre dê bons conselhos aos outros, mas não sabe o que fazer quando tiver um problema? Este é um fenômeno bastante comum porque, afinal, gerenciar seus próprios desafios é mais complexo, mesmo porque temos mais informações disponíveis.
Escrito e verificado pelo psicólogo GetPersonalGrowth.
Última atualização: 15 de novembro de 2022
O paradoxo de Salomão define um comportamento com o qual muitos de nós podem se identificar. Ocorre quando você é particularmente bom em dar conselhos, quando mostra grande disposição, desenvoltura e empatia e sempre consegue encontrar as palavras certas e apropriadas. As mesmas habilidades, no entanto, são inúteis para nós.
Essa ideia define perfeitamente o ditado clássico “pregue bem e coce mal”. Porque, convenhamos, às vezes é mais fácil avaliar e agir do ponto de vista de outra pessoa do que assumir a responsabilidade. Parece mais relaxante, e até interessante, refletir sobre os mundos descritos pelos outros do que assumir a responsabilidade por suas próprias ações.
Se esse é o nosso maior problema, se há anos somos o melhor amigo um do outro e nosso pior inimigo, vale a pena saber que existe uma solução. Existe uma estratégia válida para evitar esse curioso (mas comum) paradoxo.
Qual é o paradoxo de Salomão?
Quando pronunciamos o nome do rei Salomão, imediatamente pensamos em uma figura de grande sabedoria. Diz a lenda que as pessoas faziam longas viagens de cidades distantes apenas para pedir conselhos a ele. De fato, o rei Salomão deu muitos conselhos em sua vida e todos foram apropriados, tanto que sua forma original e brilhante de raciocinar lhe rendeu fama e admiração em todo o mundo.
No entanto, apesar de dar conselhos sábios, Salomão levou uma vida não muito virtuosa e até mesmo inadequada. Tomou muitas decisões erradas, mostrou uma paixão desmedida pelo dinheiro e pelas mulheres e, sobretudo, não educou seu único filho. Por todas essas razões, seu reinado foi curto e atormentado. É por isso que falamos sobre o paradoxo de Salomão.
Por que somos melhores com os problemas dos outros?
Algumas pessoas são particularmente inclinadas a dar conselhos e estão acostumadas a ser um ombro amigo. Eles são bons em oferecer apoio e dar conselhos. Mas isso não é tudo: suas sugestões e recomendações estimulam a ação e ajudam você a enfrentar os desafios diários por conta própria.
A sagacidade e a lógica que eles tão generosamente reservam para os outros desaparecem quando se trata de si mesmos. As pessoas que são vítimas do paradoxo de Salomão, cometem os erros mais óbvios, adotam os comportamentos menos adequados. Por que isso acontece? Por que dão conselhos valiosos aos outros e são incapazes de fazê-lo consigo mesmos?
- O segredo é a distância psicológica. Quando não estamos envolvidos na situação para a qual outra pessoa nos pede conselhos, vemos as coisas com mais clareza e sabemos reconhecer a estratégia mais adequada.
- A mente que vê as coisas em perspectiva, mas desvinculada do universo interior, percebe mais opções e mais soluções para os problemas. É como um observador externo que sente o que os outros não percebem, que se torna um caçador de ideias ideal até que, infelizmente, não tem nada a ver consigo mesmo.
O curioso viés cognitivo do paradoxo de Salomão
Todos nós sentimos carinho por nossos amigos, familiares e entes queridos que sempre procuraram nossos conselhos. O paradoxo de Salomão esconde um viés cognitivo: pensamos melhor se certas dinâmicas não nos dizem respeito pessoalmente.
É fácil dizer aos outros: “Você deve ter coragem, a vida é muito curta para permanecer prisioneiro do medo; dessa forma você perderá as melhores oportunidades, mude sua atitude”. Sem dúvida, um conselho eficaz, brilhante e até estimulante. No entanto, se nos encontrarmos em uma encruzilhada, não nos ajudará dizer a nós mesmos: "Vamos, seja corajoso e ouse".
A mente não age com tanta vivacidade e determinação quando a adversidade repercute em nossa vida. Quando nos encontramos em apuros, o pensamento fica preso na teia do medo, na armadilha das inseguranças e no labirinto dos mecanismos de defesa. Então, às vezes, ficamos sem conselhos para nós mesmos.
Como usar as reservas de sabedoria para os próprios desafios e problemas?
Seria muito útil manter a sabedoria do rei Salomão para nós também. Para sermos nossos melhores conselheiros, coaches habilidosos do eu interior, guru do bom conselho, do processo decisório mais infalível. Como fazer isso?
Igor Grossman é um psicólogo especialista da Universidade de Michigan no estudo da sabedoria que analisou minuciosamente o paradoxo de Salomão. Em sua pesquisa, Grossman aponta que talvez o célebre rei de Israel tivesse vivido melhor se tivesse imaginado viajar para buscar conselhos de outro rei sábio. O que isto significa?
Uma estratégia eficaz para encontrar soluções para nossos desafios diários poderia ser imagine, por um momento, que o problema não é nosso, mas de outra pessoa. Desta forma aplicaremos a técnica do distanciamento psicológico, esse recurso precioso e eficaz que amplia ideias, amplia a perspectiva e nos faz enxergar novas opções e possibilidades.
Mesmo se fazendo perguntas na segunda pessoa como: "Por que você se sente assim?", "O que você poderia fazer para se sentir melhor?", atua como um catalisador eficaz para encontrar soluções e, finalmente, agir como nossos melhores aliados em momentos de necessidade. Só temos que colocar essas dicas úteis em prática!