A modéstia excessiva nem sempre é adequada porque pode acabar nos tornando invisíveis e impedindo nossa autoafirmação. Amor-próprio, orgulho pessoal não é sinônimo de arrogância, mas sim do justo reconhecimento que devemos a nós mesmos.
Última atualização: 26 março 2019
Ser modesto demais nem sempre é bom porque pode acabar nos tornando invisíveis e impedindo nossa autoafirmação. Amor-próprio, orgulho pessoal não é sinônimo de arrogância, mas sim do justo reconhecimento que devemos a nós mesmos.
Ser muito modesto é ruim, como qualquer coisa levada ao extremo. A chave é "demais". Com esta palavra podemos transformar as mais belas virtudes em defeitos, os maiores prazeres em tortura. O excesso quase sempre distorce as coisas.
A modéstia é um dom importante, é primo de valores humanos como simplicidade, humildade, moderação. É o oposto da vaidade e da vaidade, dois aspectos que ganham cada vez mais espaço. Quem é modesto não precisa, não quer se gabar. Mas quem é modesto demais acaba diminuindo seus resultados e suas qualidades.
É verdade que a arrogância gera antipatia e ergue barreiras, mas modéstia excessiva não ajuda a criar relacionamentos saudáveis, nem com os outros nem consigo mesmo. Quem subtrai valor à sua pessoa também pode obter um certo benefício, mas perde a possibilidade de se afirmar e de obter o reconhecimento que merece.
“A modéstia está para o mérito como as sombras estão para as figuras de uma pintura: dá-lhes força e proeminência”.
-Jean de la Bruyère-
Ser muito modesto: uma das faces da inibição
Certamente ser muito modesto pode facilitar alguns aspectos nas relações sociais. Quem se comporta dessa maneira é percebido como inofensivo, evita o ciúme dos outros, a inveja, o confronto. Na sociedade de hoje, tendemos a ser muito competitivos. E, de fato, as redes sociais estão aumentando nossa competitividade. Aqueles que se comportam com muita modéstia conseguem escapar dessas tensões.
Pessoas autoconfiantes não sentem a necessidade de se exibir, se gabar e obter a aprovação dos outros. Isso pode ser visto como uma maneira natural e espontânea de ser modesto. Naqueles que tentam ser demais, no entanto, um mecanismo diferente é acionado. Não se trata mais de não querer se autocelebrar, mas da necessidade de se esconder, de se diminuir. Mesmo tornando-se invisível.
Poderíamos, portanto, dizer que a modéstia exasperada não é sinal de humildade, mas de inibição. A reação dos outros é temida e a maneira de lidar com isso é se misturar, se esconder da vista. É como se ele sentisse que não tem o direito de ser igual ou melhor do que os outros, em qualquer aspecto. De certa forma, sugere um sentimento de vergonha em relação a si mesmo.
Orgulho não é presunção
Geralmente confundimos orgulho com presunção, quando na verdade são duas realidades diferentes. O orgulho nos fala de amor próprio, a presunção é mais um amor próprio ferido. O amor-próprio é o resultado da auto-aceitação e da auto-estima. Quando alcançamos um bom resultado, o orgulho cresce e nos sentimos à vontade com nossa pessoa.
A presunção, por outro lado, é uma farsa. Busque a aprovação, o aplauso dos outros. Cria uma distância que permite que você se sinta superior e, graças a isso, melhore a opinião que tem de si mesmo. A presunção clama pelo sucesso, não quer compartilhá-lo. Há algo amargo em sua essência, e nunca se enche.
Essa arrogância, portanto, é uma tentativa de compensar a falta de amor próprio. Geralmente é artificial e agressivo. Quando a pessoa orgulhosa não é aprovada, ela se sente profundamente frustrada. Isso ocorre porque é incapaz de dar o devido valor a si mesmo, independentemente do que os outros pensam.
O orgulho que falta
Modéstia e orgulho não estão tão distantes. Essas duas dimensões não são mutuamente exclusivas, mas se complementam. Uma pessoa pode sentir orgulho de si mesma, de suas conquistas e, ao mesmo tempo, manter um perfil modesto. Em suma, trata-se de não se vangloriar, não buscar a admiração ou o reconhecimento dos outros, mas nem mesmo se diminuir ou se tornar invisível.
Ser muito modesto ou, ao contrário, arrogante significa dar muita importância ao olhar dos outros. No primeiro caso, porque é temido e porque prevalece um sentimento de vergonha, de incapacidade de enfrentar esse olhar. No segundo caso, queremos prevalecer sobre os outros. A arrogância precisa de competição, quer vencer e quer que a vitória seja visível para todos.
Sentir-se orgulhoso de si mesmo e de suas habilidades é positivo e saudável. Tudo o que envolve esforço, trabalho, merece nosso reconhecimento. Também é bom compartilhar com os outros, assim como é bom compartilhar uma derrota, um momento de tristeza.
A opinião dos outros assumiu uma importância desproporcional em nossas vidas. A melhor atitude é não nos deixarmos sobrecarregar e aprender a nos medir também com nossa régua.