Última atualização: 28 de outubro de 2015
Você pode se apaixonar por várias pessoas ao mesmo tempo, e por todas elas com a mesma dor, sem trair ninguém.
Gabriel García Márquez
Você já se apaixonou por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo?
Talvez você tenha pensado que queria ter um relacionamento sexual e amoroso com essas pessoas e apenas aproveitar esse tipo de relacionamento. O paradigma tradicional de um relacionamento entre duas pessoas está tão arraigado na sociedade que o simples pensamento de ter dois ou mais parceiros nos faz sentir culpados.
Para manter relacionamentos satisfatórios com mais pessoas, é necessária uma boa dose de ética e moral, pois é preciso total sinceridade para poder vivenciar plenamente a experiência em questão..
Pode parecer mais fácil mentir e viver um relacionamento aberto sem que as outras pessoas envolvidas saibam, mas isso não permite que você experimente e desfrute plenamente.
Mas então, o que há de errado em sentir amor e desejo por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo? Nada. Não há absolutamente nenhuma razão para se sentir culpado, desde que você aja com total sinceridade e honestidade. E este é precisamente o aspecto mais complicado.
A primeira coisa a fazer para aprender sobre o poliamor é diferenciá-lo de outros conceitos com os quais muitas vezes é confundido.
O poliamor é...
O poliamor não é um relacionamento aberto, em um relacionamento aberto os parceiros procuram outros parceiros sexuais, mas não moram juntos e não criam um vínculo além do sexo.
O poliamor nem é uma troca de casal, porque trocar de casal significa fazer sexo com outros casais.
O poliamor não é um triângulo, porque não se trata apenas de sexo, mas de um relacionamento mais profundo com duas ou mais pessoas.
Poliamor implica uma relação sexual e amorosa com várias pessoas ao mesmo tempo, uma relação que dura ao longo do tempo.
Obviamente nem todos fazem as mesmas coisas felizes, nem a mesma forma de ver e viver as relações. Na verdade, algumas pessoas ficam felizes em ter relacionamentos monogâmicos e vivenciá-los plenamente. É a infidelidade nesse tipo de relacionamento que, às vezes, revela a natureza dos indivíduos poliamorosos.
Quais são os benefícios do poliamor?
Um dos principais benefícios do poliamor é a falta de senso de posse. Não pertencemos a ninguém e ninguém é nosso. O poliamor termina quando a principal característica das relações monogâmicas toma conta: a posse da outra pessoa.
Sexo sem remorso e livre com outras pessoas é uma marca registrada dos relacionamentos poliamorosos. Desde o primeiro momento, porém, devemos nos mostrar sinceros sobre o que queremos e como queremos, assim evitaremos mal-entendidos e ninguém poderá nos culpar por nada no futuro..
Um relacionamento poliamoroso é o relacionamento que nos faz sentir mais satisfeitos.
Inicialmente pensava-se que se numa relação monogâmica um dos dois trai, é porque não está satisfeito com a relação que está a viver, enquanto que se tem uma relação poliamorosa é porque não está satisfeito com apenas um parceiro.
Essa ideia foi refutada por um estudo realizado pela psicóloga Melissa Mitchell, da Universidade da Geórgia. A pesquisadora entrevistou 1093 pessoas que tiveram relacionamentos poliamorosos e concluiu que a busca por uma segunda pessoa não tem nada a ver com insatisfação com o primeiro parceiro, pois a intimidade e o respeito pelo parceiro original aumentaram..
Quais são as principais dificuldades de um relacionamento poliamoroso?
- Ciúmes. O ciúme é inevitável até que aprendamos a falar e dizer as coisas que nos incomodam. Talvez nos enjoe ver as outras duas pessoas se beijando, mas se nunca dissermos nada, o problema não pode ser resolvido. Sentir ciúmes é normal e humano, mas é preciso aprender a administrar esse sentimento e entender sua origem.
- A comparação. Muitas vezes tendemos a nos comparar com os outros, em termos de beleza, inteligência, simpatia, etc. Mas é um absurdo. O que gostamos em cada pessoa é algo único. A relação amorosa é diferente dependendo da pessoa com quem se entretém.
- Possibilidade de constituir família. O poliamor implica a possibilidade de formar uma família e conviver com várias pessoas. Não é uma família no sentido tradicional do termo, mas um conceito diferente e mais aberto de família que ainda pode nos fazer felizes.
- As separações. Romper com uma das pessoas no relacionamento poli é tão difícil quanto qualquer separação. Ter relacionamentos com mais pessoas não significa que, se terminar com uma delas, não sofreremos. Se amamos alguém por quem ele é, perdê-lo nos machucará, independentemente da natureza do relacionamento.
- A aceitação dos outros. Uma das dificuldades que podemos enfrentar quando esclarecemos o tipo de relacionamento que queremos é fazer com que os outros o compreendam. Por um lado, quando conhecemos alguém e queremos ter uma relação poliamorosa, a primeira coisa a fazer é explicar e esclarecer tudo.
Por outro lado, outra dificuldade surgirá, a saber, certificar-se de que nosso ambiente, família e amigos compreendam nossa maneira de ver e viver as relações. De qualquer forma, nem sempre podemos esperar ser aceitos pelos outros, porque às vezes é impossível.
Como uma pessoa que está com o mesmo parceiro há 30 anos pode entender um relacionamento poliamoroso? Ele não pode entender isso, mas ele pode respeitá-lo.
Poliamor é amar várias pessoas ao mesmo tempo, sem enganar ninguém.
E como você se sentiria se lhe oferecessem um relacionamento poliamoroso?