Escrito e verificado pelo psicólogo GetPersonalGrowth.
Última atualização: 18 de fevereiro de 2022
A maioria de nós deixa alguém tomar conta do nosso coração com uma condição: eles não o quebram. Tomamos as medidas necessárias, nos protegemos, mas mesmo assim acontece e nos pega desprevenidos. Isso acontece, por exemplo, quando o parceiro sai sem dar explicações, quando de um dia para o outro ele joga um pó mágico e desaparece como seres do além, sem um "temos que conversar", "te ligo mais tarde" " ou "Desculpe, acabou". Nestes casos, como superar a ruptura de um relacionamento?
Diz-se que todas as pessoas feridas têm histórias não resolvidas por trás deles. A maioria de nós continua com questões pendentes que balançam em nossas mentes evocando vislumbres desconfortáveis de um passado que ainda queima. Bem, às vezes a situação é mais complicada. Porque mais do que ter capítulos não resolvidos atrás de nós, dentro de nós há histórias sem fim, sombras de pessoas que nos deixaram da noite para o dia sem nos dar uma razão. E nesses casos, superar o fim de um relacionamento é mais difícil do que nunca.
"Acampamento abandonado, fogo declarado"
-Anônimo-
O argumento não é novo. Nos Estados Unidos, acostumados a rotular cada gesto, comportamento ou dinâmica, chamam de “fantasma”. O ato de sumir da vida de alguém - com quem ele não estava há muito tempo ligado por um vínculo afetivo - é mais do que recorrente, tanto que em média todos têm um ou dois desaparecimentos fantasmas. Ou pior ainda, pode até ser nós fazendo isso.
Embora se diga frequentemente que deixar alguém sem dar uma explicação é uma arte masculina, há algumas coisas a considerar. Deixar alguém sem motivo não é arte, mas falta de consideração e sinal de imaturidade. Ao mesmo tempo, esse ato não é uma prerrogativa masculina. Mulheres e homens fazem isso, e ainda mais nesta era de novas tecnologias onde é possível romper um relacionamento com um clique e/ou um simples bloqueio.
Um fim sem explicação e a busca inútil do porquê
Não há lei escrita que diga que antes de deixarmos alguém devemos dizer por que. Ninguém nos obriga a ter esta conversa final, a enumerar uma a uma as razões da nossa decisão, da mudança. E ainda nem assinamos um contrato que nos vincule a explicar por que o coração não bate mais da mesma maneira ou por que a ilusão está quebrada.
Ninguém elabora as normas do que fazer ou não fazer em um relacionamento afetivo. Porém, há senso ético, respeito moral e afetivo, há maturidade e coragem. Assim, e dado que estes princípios não são pré-fabricados, mas sim sinónimos de boas maneiras, são muitas as pessoas que têm de ultrapassar o fim de uma relação sem explicação e as consequências que daí advêm.
Mesmo que não haja literatura clínica suficiente sobre os processos psicológicos que a pessoa abandonada costuma vivenciar, é preciso dizer que a mesma dinâmica quase sempre coincide:
- A pessoa é incapaz de aceitar o fim do relacionamento. Não tendo recebido uma explicação clara, ele cai em uma dinâmica inútil de retomada de contatos, de tentativas de encontro. Tudo isso se transforma em mais ansiedade, desespero e incapacidade de fechar permanentemente.
- Não é a mesma coisa aceitar o fim de um relacionamento sabendo a causa que o causou e ser abandonado da noite para o dia sem motivo. Dúvidas, a tentativa de racionalizar o irracional, em muitos casos levam a pessoa a se sentir culpada. Pensar em ser o motivo do abandono.
- A fase da dor pode durar meses e até nunca terminar. A ferida aberta, a dúvida permanente criam um vazio no qual se enraízam o ressentimento, a frustração e a desconfiança. Tudo isso torna muito difícil iniciar novos relacionamentos ou relacionamentos de valor.
Como superar o fim de um relacionamento sem explicação?
Não há abandonos sem razão. O fim sem explicação acontece com mais frequência do que pensamos e é preciso saber administrar, reagir e, o mais importante, sobreviver a ele. Vamos ver algumas dicas que podem ser úteis nesses casos.
Aceite a evidência
Chamadas perdidas, mensagens não lidas. Perfis sociais bloqueados. Dias que se tornam semanas sem comunicação, sem contato e muito menos presença. Contatos, amigos e familiares daquela pessoa que evita e busca desculpas para não nos encontrar...
Poderíamos considerar outros caminhos, mas as evidências que sustentam a ideia de abandono ou fim são claras. Evitamos prolongar o inevitável e aceitamos o que aconteceu: um adeus que devemos dizer no lugar do outro diante de seu silêncio.
Valorizando a si mesmo
Eles vão te dizer "vire a página", "aceite", esqueça aquela pessoa". Bem, tudo isso virá um pouco mais tarde. O primeiro e mais necessário passo é valorizar a si mesmo e aos nossos sentimentos. É hora de reconhecer a ferida, de chorar, de exteriorizar a dor e de se reconectar com nosso ser fragmentado.
Você tem que deixar a dor se expressar e passar.
Assumir a responsabilidade
Por mais que tentemos, nem sempre será possível marcar um encontro com a pessoa para nos explicar o porquê. E isso é algo que temos que aceitar: seremos forçados a moldar uma dor sem uma conversa final. Devemos tentar resolver esse capítulo nós mesmos e, para isso, devemos combinar coragem e responsabilidade.
Responsabilidade acima de tudo para conosco. Porque se eles nos abandonaram, a última coisa a fazer é nos abandonar. Precisamos retomar as rédeas e entender que somos 100% responsáveis pela nossa recuperação. Não há dúvidas, não há mais tentativas de contato, implorar por um novo encontro ou fazer planos para se encontrar com aqueles que nos deixaram.
Tempo e esforço: o manejo da dor e da raiva
Após um fim inexplicável, a dor e a raiva permanecem. Devemos entender que essas duas dimensões não desaparecem sozinhas com o passar do tempo. Eles são resistentes, cristalizam e podem afetar completamente nossa vida.
Então vamos aprender como gerenciá-los. Para este efeito, é aconselhável realizar novas atividades, contar com a ajuda de amigos e familiares, iniciando projetos que nos empolgam e nos permitem canalizar aquelas emoções complexas que comprometem nossa identidade e nos impedem de sermos felizes novamente.
Concentre-se no presente para curar
Quem está tentando superar o fim de um relacionamento que ocorreu sem explicação vive ancorado no passado e no tempo condicional. “O que teria acontecido se ao invés de fazer isso, eu tivesse agido de forma diferente? E se eu disser outras palavras? Por que eu não percebi isso? "...
Esses argumentos são uma fonte de sofrimento. Para evitar essa dor repetida e superá-la, precisamos abrir espaço para o presente. Enfrentar o momento presente com abertura, resiliência e dignidade nos permitirá romper o fio que nos liga ao passado.
Finalmente, temos outra tarefa. Fazendo do nosso sofrimento atual uma experiência construtiva. Claramente poucas dores são tão profundas quanto as feridas do abandono, mas nosso potencial humano nos permite superá-las. Podemos sobreviver a esse fim sem explicação, podemos avançar porque temos as ferramentas para isso.