Última atualização: 08 setembro, 2015
“Aquele que aprende e não põe em prática o que sabe
Ele é como aquele que ara sem nunca semear"
Platão
A idealização do amor está presente nas obras de poetas, pintores e músicos há muitos séculos. Foi assim que viemos a construir uma série de mitos que ainda circulam e, sobretudo, nos quais muitos ainda acreditam, sem se perguntar se são verdadeiros ou não.
As pessoas tendem a criar expectativas muito altas; desta forma, nenhuma realidade está à altura dos seus sonhos. Por causa disso, eles ficam desapontados com a realidade e têm dificuldade em construir laços genuínos de amor com os outros.
Agora vamos falar sobre alguns mitos e crenças sobre romance e amor.
Amor como um todo
O amor idealizado pelo romantismo transforma-se no centro do universo pessoal. É o ápice do Bem e o ponto para o qual todos os caminhos da vida conduzem; representa redenção, salvação e a culminação de todos os desejos.
É comum pensar que você só será feliz se encontrar um parceiro. Diz-se também que o amor exige muitos sacrifícios e sacrifícios se você quiser manter o relacionamento a todo custo. Você tem que se envolver em um casal com tudo de si mesmo, não pode haver segredos ou limites.
A realidade nos mostra mais: oferecer-se de maneira absoluta e fazer toda a sua vida girar em torno do parceiro é mais uma neurose do que um caso de amor.
O ser humano é composto de várias dimensões e não pode ser todo compartilhado com o parceiro. Existem muitas situações e pessoas na vida que nos dão momentos de felicidade, não é só o amor romântico que faz isso.
Existem esferas pessoais, espaços que gostamos de esculpir para nós mesmos. Fazem parte do nosso processo de autoconhecimento, de exploração individual. Não é nada injusto não compartilhá-los com seu parceiro; não é egoísmo, mas um mecanismo para preservar nossa individualidade.
O mito da posse do outro
Esse mito engloba uma série de ideias em que a crença de que o amor de casal se manifesta é uma totalidade homogênea na qual não há espaço para a individualidade. Argumenta-se que o verdadeiro amor deve necessariamente levar ao casamento ou a uma coabitação duradoura.
Diz-se que o ciúme é um sentimento absolutamente legítimo. Há até quem diga que é um dos sinais mais óbvios de amor ("se ele te ama, tem ciúmes de você"). A infidelidade, por outro lado, equivale a uma tragédia, é considerada a prova decisiva da falta de amor, um obstáculo intransponível, uma ofensa mortal.
Mais uma vez, a realidade ensina que as coisas não são exatamente como os românticos afirmam: não há como garantir que o amor verdadeiro culmine em uma união estável e indestrutível apesar do passar dos anos. O amor não é um sentimento estático; diariamente, vemos casamentos que se sustentam sem amor e relacionamentos que se rompem mesmo que haja um forte sentimento de ambos os lados.
Nós também sabemos que a infidelidade existe e até ocorre nas relações entre pessoas que estão muito apaixonadas. Não depende exclusivamente da falta de amor: muitas vezes, está mais ligado a inseguranças e lacunas pessoais do que a problemas de relacionamento.
Mais provável, seríamos muito mais felizes se parássemos de acreditar nesses mitos sobre romance. Dessa forma, deixaremos de desejar coisas que não existem e poderemos desfrutar ao máximo o que o amor pode nos dar.
Imagem cortesia de Elena Dijour