Recuperar nossas vidas depois de meses em confinamento solitário não será fácil. Teremos que sair vencendo medos, adaptando-nos às mudanças e desenvolvendo uma visão crítica, mas também criativa. Tudo isso nos ajudará a fazer a transição para essa nova realidade da melhor maneira possível.
Escrito e verificado pelo psicólogo GetPersonalGrowth.
Última atualização: 15 de novembro de 2021
Poucas coisas nos parecem tão incertas quanto recomeçar a vida após a quarentena. Nossa mente está imaginando vários cenários possíveis e, mesmo gostando mais de alguns do que de outros, há um elemento que quase sempre permanece inalterado: sabemos que nada será igual e que ainda seremos obrigados a conviver com o Coronavírus.
Do ponto de vista evolutivo, psicólogos e antropólogos nos convidam a focar nas oportunidades e no lado positivo das coisas. A humanidade nunca para de avançar e a pandemia viu esforços coordenados de toda a comunidade científica para encontrar uma vacina. A nossa é uma sociedade cooperativa que sempre sobreviveu criando alianças.
A crise atual abre as portas para uma sociedade mais compassiva. Como nos explica Juan Luis Arsuaga, grande especialista em evolução humana, esta crise nos forçou a entender que não temos controle sobre nosso futuro. É hora de pensar como adultos e encarar a mudança com responsabilidade e otimismo.
Afinal, o pessimista não faz nada além de se justificar e permanecer desamparado. Somente olhando para o futuro com otimismo é que entenderemos que, para mudar a situação, devemos assumir a responsabilidade. Neste momento, temos uma responsabilidade imediata: voltar lentamente à vida. Aqui estão algumas dicas de como recomeçar a vida após a quarentena.
Recomeçar a vida após a quarentena: como fazer?
Para entender como será a vida após a quarentena, podemos contar com o que está acontecendo em países que já estão nessa fase.
Sabemos que a atividade laboral e escolar foi retomada na China com rigorosas medidas de segurança, distanciamento social e padrões de higiene. Na Alemanha e na Suécia, no entanto, apesar de bares, restaurantes e lojas estarem abertos, as pessoas reduziram drasticamente as compras e os passeios.
Há medo e cautela econômica. As despesas são mais baixas, o turismo é mínimo e surge outro fator não menos importante: o desemprego. A paisagem é complexa e os hábitos de vida das populações que já se encontram em estágios mais avançados mudaram quase completamente.
O que podemos fazer então? Como a vida pode recomeçar depois da quarentena? Aqui estão alguns pontos para se pensar.
O fim da quarentena é apenas um processo dentro da pandemia
O fim da quarentena não é o fim da pandemia. Passaremos por vários estágios que progredirão (ou não) dependendo de quão bem o surto for controlado. Isso não significa que o risco de contágio tenha desaparecido: pelo contrário, teremos que aprender a conviver com o vírus.
Com isso claro em mente, precisamos abrir nossas mentes para uma perspectiva diferente. Retomaremos nossas vidas, sim, mas de forma lenta e progressiva.
Essas condições nos obrigam a considerar três aspectos psicológicos: paciência, adaptação à mudança e gerenciamento do estresse. Qualquer mudança no estilo de vida pode gerar alarme, angústia e medo. Teremos que estar prontos para enfrentar essas variáveis emocionais.
A forma de reagir ao fim da quarentena varia para cada pessoa
Nos últimos dias vimos pessoas encherem as ruas de ansiedade, alegria e, muitas vezes, um certo sentimento de normalidade. Do outro lado da moeda estão aqueles que têm medo de sair na rua. Essas diferenças são absolutamente normais.
Não há necessidade de se preocupar se você sentir mais ansiedade, se sentirmos que não estamos no ritmo dos outros e se o medo estiver nos segurando mais do que gostaríamos.
Isso não é um problema: cada um tem seus próprios ritmos, sua própria maneira de reagir e enfrentar novas situações. Vamos levar todo o tempo que precisarmos. O importante é progredir lentamente com o objetivo de sair pelo mundo e projetar como será nossa nova vida.
Continuaremos em quem vai lá: devemos aceitar o distanciamento social
Quando a vida recomeçar após a quarentena, teremos que aceitar um fator essencial: distanciamento social continuará sendo o protagonista em qualquer cenário. Esta é a única maneira de manter o risco de infecção sob controle.
Isso significa que teremos que reformular nossa forma de trabalhar, de nos relacionar, de nos divertir... Tudo isso são elementos a serem aceitos o quanto antes.
Do medo à criatividade: reformulando o que queremos para o nosso futuro próximo
O medo é uma emoção de mil faces que deve ser compreendida. Não só garante a nossa sobrevivência, obrigando-nos a ser cautelosos, imóveis e a defender-nos. Essa imobilidade, por sua vez, nos coloca em uma nova linha de partida, um novo começo.
É uma emoção com a qual todos vivemos. Quem não caminha pela vida com uma bagagem cheia de medos? Medo de ser infectado, medo de ficar desempregado, de não saber o que vai acontecer amanhã... O importante é continuar a agir apesar do medo, desenvolvendo novos mecanismos de ação.
Se eu tiver medo de ser infectado, tomarei medidas para me proteger. Se tiver medo de ficar desempregado, pensarei em uma mudança, uma estratégia e um novo caminho de carreira para me adaptar e reagir. A sobrevivência anda de mãos dadas com a criatividade.
Desenvolva o pensamento crítico para recomeçar a vida após a quarentena
A vida após a quarentena exigirá a aplicação de um bom pensamento crítico. A nova fase que nos espera nos obriga a reformular muitos aspectos que antes nos definiam e que talvez precisem ser mudados. Nesse sentido, é preciso prestar muita atenção à sobrecarga cognitiva.
Teremos que ser cautelosos, intuitivos e críticos para não cair em embustes, nas falsidades e naqueles comportamentos que a longo prazo se revelarão negativos para todos. Se nossos vizinhos, familiares e amigos estão ignorando as medidas de distanciamento social, isso não significa que devemos fazer o mesmo.
É hora de ser responsável, corajoso e inteligente. Qualquer desafio exige o melhor de nós e, sem dúvida, o faremos bem. Vamos pensar sobre isso e agir de acordo.