Na falta de adaptação, o que fazer?

Na falta de adaptação, o que fazer?

Quando sentimos que não conseguimos nos adaptar, o melhor é parar. Não somos obrigados a ir a lugares, pessoas e situações que não são adequadas para nós. Estar feliz com nossa identidade, nossas paixões e fortalecer a autoestima todos os dias devem ser os principais objetivos.

Na falta de adaptação, o que fazer?

Escrito e verificado pelo psicólogo GetPersonalGrowth.

Última atualização: 15 de novembro de 2021

 

Na falta de adaptação, o que fazer? Há muitas pessoas que, de diferentes maneiras, gastam muito de sua energia tentando se integrar, ser como os outros, fazer parte de associações. Eles até abrem mão de sua individualidade em favor de um sentimento reconfortante de pertencimento. Muitas vezes, porém, um aspecto fundamental é esquecido: como é extraordinário ser único, diferente dos outros.



É verdade que também se pode sofrer o peso da vergonha, do isolamento. Como seres sociais, não precisamos apenas interagir com os outros. Também queremos nos sentir parte de algo, de alguém; buscamos um sentimento mínimo de pertencimento, de segurança, raízes que nos ajudem a crescer, a desenvolver nosso projeto de vida.

Como conciliar a necessidade de pertencimento com a necessidade de fortalecer nossa individualidade, a “mágica” da diversidade? Na realidade, é apenas uma questão de aprender a equilibrar os dois aspectos. Todos nós sofremos desse incômodo dualismo entre quem somos e o que temos para mostrar ao mundo para ser aceito.

Conseqüentemente, bem-estar significa não perder a essência e o senso de si mesmo. A chave está em sermos aceitos pelas pessoas que importam para nós, em sermos capazes de apreciar tudo o que somos, nossas peculiaridades, nossa grandeza e nossas inseguranças.

"Desde a minha juventude, não sou como os outros, não vi como os outros viam, não consegui tirar minhas paixões de uma fonte comum" (...)



-Edgar Allan Poe-

Não conseguir se adaptar, que dor!

É difícil não se sentir um estranho neste mundo. Em alguns momentos parece ir contracorrente, de ser apátrida em um país onde todos parecem encantados com a mesma melodia, enquanto nos sentimos inspirados por outra. Talvez sejamos como o jacarandá, aquela maravilhosa árvore tropical que floresce em tom arroxeado enquanto as outras ao seu redor florescem verdes.

Sentir-se incapaz de se adaptar dói (e isso acontece com muita frequência); é também um tipo de sofrimento que tende a se tornar crônico. A sensação de não se sentir integrado, de fato, muitas vezes surge já na infância. Tanto que acabamos pensando que o problema está dentro de nós, que “florescer” em roxo é negativo. Quando na realidade nossas tonalidades particulares nos tornam elementos únicos da floresta da vida.

A teoria das forças vitais de Bowen

Murray Bowen (1913-1990), popularizou a teoria das forças vitais na década de 50 observando como o ser humano se desenvolve tanto do ponto de vista emocional quanto físico.

  • Bowen identificou um aspecto muito importante do desenvolvimento. No ser humano existem duas forças vitais tão fundamentais quanto opostas.
  • A primeira é uma poderosa força de crescimento que nos empurra paraindividualismo, uma dimensão na qual construir um ego separado de nossa família, amigos e sociedade.
  • A segunda força, por outro lado, nos impele a buscar a proximidade emocional.
  • De acordo com esse padrão, a maioria de nós entra nessa dualidade muitas vezes dolorosa diariamente. Sentimo-nos diferentes porque nosso senso de identidade tenta se separar do resto. No entanto, queremos ansiosamente nos adaptar, fazer parte da mesma dinâmica em que os outros se movem.

A vergonha de não conseguir se adaptar a nada

Quando sentimos que não nos encaixamos, tendemos a nos culpar. Podemos chegar a pensar que o próprio mundo não faz sentido. É o que mostra um estudo realizado na Universidade de Michigan por Gregory Walton e Geoffrey M. Cohen.



Neste trabalho notou-se que as pessoas que sofrem do "estigma" da exclusão, da "incerteza de pertencimento", experimentar um declínio na motivação, desempenho acadêmico e no trabalho e apresentam maior risco de sofrer algum tipo de doença psicológica.

Quero "sentir-me parte", o que posso fazer?

Muitas vezes, a ideia de não conseguir se adaptar tem sua origem no ambiente familiar. Nossa formação e as dinâmicas que se estabelecem nesses microcenários incutem em nós prematuramente a ideia de “não ser normal”. Talvez não nos sintamos assim aos olhos de nossos pais porque não somos tão brilhantes quanto nosso irmão.

Porque nos tornamos mais rebeldes, porque nossos interesses, gostos e paixões não condizem com o projeto familiar. Dessa forma, poderíamos continuar com essa marca por anos, reduzindo nossas habilidades sociais, autoestima e nossa identidade. Para evitar o sofrimento, fortalecer essas nossas dimensões e melhorar nosso sentimento de pertencimento, valeria a pena refletir sobre essas ideias.

Defina quem você é e permita-se brilhar

Uma das contribuições mais interessantes de Carl Jung foi a teoria do processo de individuação. De acordo com essa abordagem, uma de nossas responsabilidades mais importantes é despertar nosso potencial, a consciência individual, para superar nossos medos e resistências e nos expressar diante do mundo como somos. Com confiança e alegria.


Este processo leva tempo. No entanto, antes de "querer adaptar-se aos outros" a coisa mais certo é “adaptar-se a nós mesmos". Devemos aprender a nos aceitar, saber quem somos e o que queremos.

Não se trata de "ficar preso", qualquer resistência gera dor

Todos nós já tentamos algumas vezes "encaixar" uma peça à força em um canto do quebra-cabeça. Imediatamente percebemos que é inútil usar a força. De nada serve quando as formas não se harmonizam, de nada serve quando os vãos não se adaptam às arestas.


  • Devemos entender que na realidade, na vida você não precisa tentar se adaptar, mas precisa fluir. Se tentarmos nos encaixar, sofreremos e podemos até pensar em desistir de quem somos para nos encaixar em um quebra-cabeça errado.
  • Precisamos entender que haverá pessoas, lugares ou grupos com os quais nos identificaremos e outros com os quais não nos identificaremos. Também, em nossa jornada em busca de um sentimento de pertencimento, podemos fazer mil variações até chegarmos ao nosso espaço ideal.

Não se adaptar: seja você mesmo todos os dias da sua vida e sua "tribo" chegará

Nada acontece se por um algum tempo continuamos nossa jornada sozinhos. No caminho, vamos apenas comemorar a nós mesmos. Seguindo o ritmo de uma paixão ou de um impulso ou de um determinado impulso, acabaremos encontrando nossa "tribo"; aquela onde tudo está em harmonia, onde somos aceitos e valorizados em todos os aspectos, em todas as nuances tão especiais.

Por fim, se sentirmos que não estamos nos adaptando, a primeira coisa que precisamos fazer é reduzir esse sofrimento. Gerenciando medos, suavizando inseguranças e fortalecendo o senso de auto e autoestima, seremos capazes de encontre nosso lugar.

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