De acordo com um estudo realizado na Universidade de Freiburg (Alemanha), não é por acaso que pintores de todas as idades têm representado a tristeza através de cores escuras. De fato, existe uma estreita relação entre a depressão e a cor cinza.
Última atualização: 08 de abril de 2021
A relação entre cinza e depressão é intuitiva. Quando nos sentimos tristes, de fato, dizemos que vemos tudo cinza ou que o mundo perdeu suas cores. A ciência agora mostrou que isso não é apenas um ditado, mas um efeito visual que realmente acontece.
A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo. Falamos em estimativa, pois em muitos casos essa condição nunca será diagnosticada, pois não é considerada uma doença a ser tratada com a ajuda de um especialista.
A tarde estava cinzenta como a estação, como a cidade, como eu. Cinza por dentro e por fora.
-Mario Levrero-
Ao mesmo tempo, não é fácil diagnosticar este distúrbio, pois nem todos os estados de tristeza são decorrentes da depressão. Conclui-se que levar em conta a relação entre cor cinza e depressão pode ser uma nova forma de formular um diagnóstico mais preciso.
Entendendo a Depressão
É importante notar que psiquiatria e psicanálise definem e lidam com a depressão de forma diferente.
Na psiquiatria e na maioria das correntes da psicologia, a depressão é um transtorno em si. A psicanálise, por outro lado, a considera um sintoma.
Na psiquiatria, a depressão é tratada como uma doença grave, capaz de causar sintomas físicos e mentais. Correntes neurocientíficas enfatizar a relação entre a química cerebral e os estados depressivos. Portanto, tratam o problema principalmente por meio de medicamentos.
Na psicanálise não existe uma condição chamada depressão que seja entendida como o sintoma de uma estrutura neurótica psicótica. Um sentimento de ódio contra si mesmo e não reconhecido pelos outros que surge quando se percebe o fracasso e se perde a esperança. É tratado através da palavra.
Na realidade, ambas as abordagens se complementam, embora na prática sejam divergentes. Toda experiência de vida gera uma reação química no cérebro. E vice versa. O cérebro é um órgão plástico, que responde tanto a substâncias químicas quanto a experiências, incluindo a fala.
Depressão e a cor cinza
Inúmeras pesquisas estão em andamento sobre o cérebro, do ponto de vista orgânico e fisiológico. Uma dessas investigações foi realizada na Universidade de Freiburg, na Alemanha, e concluiu que existe uma relação real entre a depressão e a cor cinza.
Especificamente, os cientistas descobriram que pessoas deprimidas têm dificuldade em perceber o contraste entre preto e branco, de acordo com os resultados da eletrorretinografia a que foi submetido um grupo de voluntários.
A pesquisa foi conduzida pelo Dr. Ludger Tebartz van Elst. De acordo com suas medições, as pessoas deprimidas vêem o mundo de forma semelhante à aparência na TV quando reduzimos o contraste de cores. Quanto maior a depressão, menor a capacidade de perceber o contraste de cores.
Diagnose
A relação entre cinza e depressão pode servir como um critério confiável no diagnóstico desta doença e da gravidade dos sintomas. Segundo a revista científica Biological Psychiatry, poderia até representar um método de diagnóstico mais objetivo do que o atualmente em uso.
Atualmente, a depressão é diagnosticada através de parâmetros específicos. O psicólogo ou psiquiatra faz ao paciente uma série de perguntas sobre o estilo de vida e os sintomas vivenciados.
As respostas permitem concluir se o mal-estar decorre da depressão ou de outras condições. No entanto, a realidade nos mostra que nem sempre os diagnósticos são precisos.
A relação entre a cor cinza e a depressão é um fator fisicamente mensurável, portanto, poderia oferecer um notável avanço no diagnóstico. Não apenas confirmaria a presença de depressão, mas também poderia calcular sua intensidade.
De qualquer forma, essa técnica também deve ser avaliada objetivamente. Nunca é demais reiterar que nem todos os estados de tristeza devem ser considerados como depressão. Contexto, duração dos sintomas, estado de saúde e outras variáveis devem ser levadas em consideração.