O problema da incontinência fecal
Falamos em incontinência fecal quando não é mais possível controlar ou simplesmente sentir vontade de defecar; o resultado é, portanto, uma emissão involuntária e descontrolada de fezes e gases intestinais.
Felizmente, a incontinência fecal não é tão incurável quanto se poderia supor. Um tratamento médico específico para o ataque, apoiado por uma dieta direcionada e balanceada, é sem dúvida a solução ideal para evitar esse distúrbio desagradável e prevenir complicações e recaídas.
Para a cura definitiva da incontinência fecal é necessário - além de indispensável - atuar em várias frentes:
- Erradicar a causa que o induziu: para encontrar a cura certa é, portanto, importante submeter-se a todos os testes diagnósticos necessários para a avaliação correta do distúrbio
- Corrija hábitos alimentares inadequados
- Cuide do seu corpo: para isso, a higiene íntima pessoal desempenha um papel fundamental
- Sempre discuta quaisquer preocupações e preocupações com o seu médico, especialmente se você tiver quaisquer sinais / sintomas anormais ou suspeitos
Não há cura universal para combater a incontinência fecal porque o distúrbio tem origem multifatorial. Na verdade, enquanto alguns pacientes necessitam de cirurgia, para outros é suficiente mudar seus hábitos alimentares e seguir um tratamento exclusivamente farmacológico.
Tratamento farmacológico
O tratamento farmacológico da incontinência fecal também não é o mesmo para todos os pacientes. Como vimos, de fato, esse distúrbio de defecação pode depender de problemas completamente diferentes ou mesmo opostos (por exemplo, constipação crônica ou diarreia crônica).
- Caso 1: incontinência fecal dependente de constipação crônica / fecaloma. O desconforto pode ser erradicado com a ingestão específica de laxantes. A droga mais utilizada para esse fim é a lactulose, princípio ativo laxante osmótico extremamente delicado, capaz de puxar água para a luz intestinal, amolecer as fezes e estimular o peristaltismo intestinal. Mesmo supositórios de glicerina ou bisacodil (por exemplo, Dulcolax) podem ser benéficos na presença de incontinência fecal relacionada à constipação.
- Caso 2: incontinência fecal dependente de diarreia crônica. O distúrbio deve ser claramente tratado com medicamentos antidiarreicos:
- O princípio da Loperamida (por exemplo, Imodium) é particularmente adequado para aliviar a diarreia, melhorando assim o distúrbio da incontinência fecal. A loperamida aumenta o tônus do esfíncter anal, enquanto reduz os movimentos intestinais (contrações peristálticas) e a frequência dos movimentos intestinais.
- Anticolinérgicos (por exemplo, atropina, beladona): indicados para reduzir as secreções intestinais e regular os movimentos das vísceras.
- Opioides (por exemplo, codeína): além do tratamento da tosse, alguns opioides, como a codeína, são usados como inibidores da motilidade intestinal. No entanto, deve-se destacar que esses medicamentos, em comparação com os anteriores, são muito menos utilizados para o tratamento da incontinência fecal devido aos importantes efeitos colaterais a eles relacionados.
- Carvão ativado: princípio ativo indicado para reduzir o teor de água nas fezes.
Intervenções alternativas
Para todos os casos de incontinência fecal parcial (de entidade menor), um novo método terapêutico-reabilitador foi desenvolvido - conhecido como biofeedback - muito útil para detectar a atividade esfincteriana do sujeito. Esta é uma estratégia de intervenção indicada para pacientes que experimentam uma redução na sensibilidade retal, mas que ainda apresentam atividade esfincteriana acentuada. Biofeedback é uma técnica de reabilitação especial que visa fortalecer os músculos do assoalho pélvico: aqui, o paciente é "educado" para contrair e liberar os músculos na região anal para resistir à vontade de defecar em momentos inoportunos (para mais informações: leia Kegel exercícios).
O tratamento de biofeedback, sempre realizado em ambulatório, envolve a introdução de uma pequena sonda no canal anal e em uma parte da ampola retal do paciente. Essa sonda, que registra as pressões exercidas nas paredes do canal anal, é conectada a um computador que processa os dados e os transforma em pulsos e barras coloridas. As diferentes cores das barras indicam o grau de contração e relaxamento dos músculos afetados. Após obter as indicações corretas do médico sobre a forma correta de realizar os exercícios do assoalho pélvico, o próprio paciente avaliará como os realiza, observando e estudando as faixas coloridas registradas pelo monitor.
Não é incomum que, como suporte ao biofeedback, o paciente também seja submetido à ginástica passiva, conhecida como eletroterapia: este tratamento consiste em estimular as fibras dos músculos anais inserindo um eletrodo no canal anal. Os benefícios derivados da eletroterapia são, entretanto, incertos; portanto, sua implementação nem sempre é justificada.
Alguns pacientes que sofrem de incontinência fecal podem se beneficiar da aplicação dos chamados cotonetes anal: são verdadeiros tampões que são inseridos no ânus para impedir a perda involuntária de matéria fecal.
Intervenções cirúrgicas
Quando nem a ação medicamentosa nem as estratégias de reabilitação são suficientes para combater a incontinência fecal, o paciente é forçado a se submeter à cirurgia. Na maioria das vezes, a cirurgia é necessária quando a incontinência fecal está relacionada ao prolapso retal ou lesões do parto. Com base na causa desencadeadora, os tratamentos cirúrgicos mais realizados incluem:
- Correção cirúrgica de prolapso retal, hemorróidas, retocele
- Esfincteroplastia: indicada para reparar um esfíncter anal onde há uma lesão traumática dos músculos envolvidos na defecação.
- Restauração do tônus muscular do esfíncter anal (grácilplastia): em alguns casos, é possível reparar o esfíncter anal envolvendo um músculo retirado da coxa do paciente sobre ele. O método muito delicado consiste justamente na transposição com eletroestimulação do músculo grácil (músculo adutor que ocupa a porção medial da coxa) para o ânus.
- Esfíncter anal artificial: cirurgia indicada para casos graves de incontinência fecal relacionada à lesão do esfíncter anal. Uma espécie de anel inflável é implantado no canal anal para controlar a perda de matéria fecal. Quando inchado, o dispositivo impede a liberação do esfíncter anal (portanto, não há perda de fezes); vice-versa, quando se deseja defecar, é possível desinsuflar esse anel especial por meio de uma bomba externa, ativando assim a atividade intestinal normal.
- Colostomia: é sem dúvida uma escolha cirúrgica drástica, realizada como último recurso para o paciente que sofre de uma forma grave de incontinência fecal. Durante esta cirurgia, é criada uma nova comunicação artificial que conecta o cólon à parede abdominal por meio de uma abertura no abdômen. Uma bolsa especial é anexada a esta abertura para coletar o material fecal.
dieta
Mudanças nos hábitos alimentares podem, sem dúvida, melhorar consideravelmente o distúrbio da incontinência fecal (e até mesmo impedir seu retorno). O primeiro cuidado é a eliminação total do álcool e a limitação da cafeína na dieta: quando ingeridas em excesso, essas duas substâncias (álcool e cafeína) podem de fato induzir diarreia e incontinência fecal.
Quando o distúrbio da defecação está estritamente relacionado à diarreia, o paciente deve dar preferência a alimentos que possam compactar o material intestinal. Para isso, a recomendação é aumentar a quantidade de fibra alimentar - por exemplo, farelo e alimentos integrais - e limitar a ingestão de todos os alimentos capazes de induzir efeito laxante. Especiarias, alimentos condimentados, alimentos defumados e adoçantes artificiais também devem ser evitados ou pelo menos limitados em pacientes com tendência à diarreia (ver: dieta e diarreia).
Algumas pessoas com intolerância à lactose tendem a desenvolver não só diarreia, mas também incontinência fecal: por este motivo, eliminar da dieta alimentos que contenham este açúcar é uma medida dietética importante para prevenir diarreia e incontinência fecal.
Pacientes que sofrem de constipação crônica devem, em vez disso, prestar atenção especial à ingestão correta de fibras e líquidos (beber pelo menos 2 litros de água por dia), dois componentes essenciais para amolecer o conteúdo intestinal, facilitando a evacuação e evitando a incontinência fecal.
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