Todos nós sentimos medo do desconhecido. Quer queiramos admitir ou não, somos animais de hábitos. Temos a tendência de pensar que "um mal conhecido é melhor do que um bem desconhecido". É verdade que todos nós gostamos de novidades. Mas na medida certa e apenas até certo ponto. Quando sentimos que o controle está se esvaindo e a incerteza começa a surgir, começamos a nos sentir desconfortáveis. E esse desconforto pode rapidamente degenerar em medo paralisante.
A origem do medo do desconhecido
O medo é uma das emoções básicas mais úteis que podemos experimentar. Ele nos avisa sobre um perigo potencial e nos diz para permanecermos vigilantes para chegar a um local seguro, se necessário. O medo do desconhecido, em particular, é um medo atávico que surge de nossa relutância em sermos incertos. Na verdade, a origem desse medo é evolutiva. Nossos ancestrais foram expostos a um grande número de perigos todos os dias, especialmente quando eles foram para áreas desconhecidas onde os riscos poderiam se multiplicar.
Quando não conhecemos uma pessoa ou nos encontramos em uma nova situação, a resposta ao medo é ativada novamente para nos ajudar a estar mais atentos aos pequenos detalhes que podem indicar perigo. Não sabemos o que vai acontecer porque não temos os benchmarks ou as informações de que precisamos para tirar conclusões, por isso precisamos estar vigilantes.
Nosso cérebro, de fato, está particularmente predisposto a temer o desconhecido. Um estudo realizado na California Technological University descobriu que, quando nos deparamos com situações que envolvem um alto grau de incerteza, duas regiões do cérebro são ativadas, a amígdala e o córtex orbitofrontal.
A amígdala é a área encarregada de detectar os perigos e enviar o sinal de alarme enquanto o córtex orbitrofrontal processa essa mensagem do ponto de vista cognitivo. O curioso é que, quando tememos o desconhecido, nos tornamos mais conservadores. Ficamos mais relutantes em cometer erros e o sistema comportamental inibitório é ativado, o que significa que temos tendência a congelar.
Mas, à medida que a incerteza aumenta, nosso comportamento se torna mais errático e podemos tomar decisões mais irracionais. A situação simplesmente sobrecarrega nossos recursos de enfrentamento e perdemos o controle.
O que perdemos por medo
O medo do desconhecido é uma reação adaptativa. Mas não vivemos mais em cavernas como nossos ancestrais e no ambiente atual esse medo pode ser mais um obstáculo do que uma resposta adaptativa. Na verdade, um estudo conduzido na Universidade de Illinois descobriu que as pessoas mais sensíveis a ameaças incertas também são mais vulneráveis a desenvolver ansiedade e sofrer ataques de pânico.
Quando somos excessivamente sensíveis à incerteza e ao desconhecido, podemos passar grande parte de nossa vida ansiosos e preocupados com a possibilidade de algo ruim nos acontecer. Viver nesse estado não é viver, é apenas sobreviver. Rejeitamos novas experiências e perdemos oportunidades apenas porque contêm o germe do desconhecido. Isso significa que definhamos no conhecido, à medida que desperdiçamos nosso potencial.
No longo prazo, o medo do desconhecido pode até nos fortalecer. O medo do desconhecido impede que nos abramos a novas ideias e maneiras de fazer as coisas, o que leva à estagnação intelectual. Começamos a rejeitar o novo, buscando refúgio no velho porque é a única coisa segura e confortável. Naquele exato momento paramos de crescer.
Como superar o medo do desconhecido?
1. Aceite o medo do desconhecido
Nelson Mandela disse que "não é corajoso quem não tem medo, mas quem sabe como superá-lo". Todos, sem exceção, têm medo. O medo faz parte da vida e tem uma função adaptativa. Só precisamos ter certeza de que isso não orientará nossas decisões e não se tornará uma limitação.
Portanto, se tememos novas situações e aquelas que contêm um alto nível de incerteza, o primeiro passo para superar o medo do desconhecido é aceitá-lo. Enganar-nos a pensar que não temos medo, encontrar desculpas e recorrer a mecanismos como a racionalização só servirá para continuar a alimentar o medo.
2. Encontre sua origem
Se temos uma suspeita particularmente intensa de novas circunstâncias ou estranhos, vale a pena investigar a causa desse medo do desconhecido. É devido a alguma experiência ruim no passado? Talvez seja um medo aprendido que nossos pais nos transmitiram?
Trata-se de compreender que as experiências passadas não precisam determinar nosso presente ou futuro. O passado representa outro "eu". Agora somos outra pessoa, com mais experiência e recursos de enfrentamento, o que nos dá a capacidade de gerenciar melhor as situações de incerteza.
3. Questione as previsões
O medo do desconhecido tende a alavancar nosso viés de negatividade. Os medos crescem em nossas mentes nos fazendo imaginar os piores cenários possíveis. É importante interromper esse diálogo interno negativo recorrendo à lógica. Que evidência apóia meu medo? Que evidência eu tenho de que algo ruim vai acontecer? Qual o pior que pode acontecer?
Marco Aurélio, um filósofo estóico, disse: "Muitas das ansiedades que nos atormentam são supérfluas: sendo apenas criaturas de nossa imaginação, podemos nos livrar delas e expandir para uma região mais ampla, deixando nosso pensamento abranger todo o universo." Portanto, muitas vezes não devemos prestar tanta atenção ao nosso pensamento ou podemos cair na armadilha da fusão cognitiva.
4. Aprenda a navegar na incerteza
O medo do desconhecido está intimamente relacionado à sensação de perda de controle. Temos medo porque não podemos prever os resultados e perdemos o controle da situação. Mas devemos aceitar que a vida sempre envolve algum grau de incerteza. Quanto mais confortáveis estivermos com a incerteza, mais nosso medo do desconhecido será reduzido.
Para aprender a navegar na incerteza, você precisa praticar. Um bom exercício é sair da sua zona de conforto com frequência. É tentar novas experiências para superar o medo do desconhecido. Ouse tentar coisas que nos deixem relativamente desconfortáveis só porque não as conhecemos ou não as controlamos totalmente. Superando assim nossa resistência à mudança e nos acostumando a enfrentar cenários desconhecidos.
5. Considere o medo como uma oportunidade de crescimento
O medo não é nosso inimigo. Quanto mais tentarmos esconder ou lutar contra ele, maior e mais poderoso ele se tornará. Afinal, não temos que lutar contra o medo do desconhecido, a “luta” é conosco, com nossa visão das coisas e nossa maneira de lidar com elas.
O medo, seja ele qual for, é uma oportunidade de crescimento. Ele é um professor que nos apresenta o desafio de ousar fazer aquelas coisas que podem nos ajudar a expandir nossos limites. Somente quando fazemos o que tememos podemos nos livrar de sua influência.