Hoje falamos sobre um dos sentimentos mais destrutivos. Se você quiser saber mais sobre por que odiamos ou como isso nos afeta, não perca este artigo.
Última atualização: 14 de julho de 2022
Você já ouviu falar da psicologia do ódio? Nossas habilidades únicas de comunicação e os meios à nossa disposição nos permitem conhecer boa parte das emoções e sentimentos que influenciam nossas interações sociais.
Felizmente, a maioria deles são positivos, ajudam a crescer e dão valor e importância a quem se deixa permear por eles. O amor é um exemplo claro disso.
Esse sentimento tem recebido enorme atenção não apenas dos estudos de relações humanas, mas também da indústria de consumo. Mas e o outro lado da moeda: o ódio? Que lugar ela ocupa no estudo da existência humana?
Inúmeras e díspares fontes nos permitem compreender o amor: romances, filmes, pesquisas científicas e filosóficas, etc. Mas e o ódio? Que materiais consultamos para entender a psicologia do ódio?
O que é ódio?
Existem muitas definições para o termo "ódio". Tem sido considerado de várias maneiras: como uma atitude emocional, julgamento normativo, sentimento, motivação, avaliação generalizada, etc.
Apesar das divergências conceituais, um componente está sempre presente: o desejo de ferir o outro. Esse desejo pode ser um meio para um fim ou um fim em si mesmo.
Em outras palavras, podemos querer prejudicar o outro para restaurar a ordem estabelecida, nos elevar, obter prazer, afirmar nossa autonomia ou evitar o abandono. Em todos esses casos, independentemente da intenção, o objetivo é prejudicar.
No plano interpessoal, o ódio desempenha várias funções, como auto-reparação, vingança, comunicação de estados emocionais ou restauração da autonomia. No nível intergrupal, era considerado um meio funcional para comportamentos políticos, como afiliação e coesão dentro do grupo.
Entendido como um sentimento de curto ou longo prazo, o ódio é alterado e intensificado por outras emoções, como vingança, raiva, desprezo. Vários fatores interferem na complexidade, cronicidade e estabilidade desse sentimento, principalmente no nível motivacional.
O ódio, portanto, é influenciado pela motivação que intensifica as tendências básicas para a ação. Roseman (2008) sugeriu que essas tendências de ação são uma parte intrínseca da experiência emocional e as rotulou como componentes "emocionais" do sistema emocional.
Embora o ódio seja influenciado por outras emoções, como raiva, antipatia e desprezo, não deve ser identificado com elas.. A pesquisa científica revela que o ódio é mais excitante do que essas três emoções morais e está mais próximo do desprezo do que da raiva e do nojo.
Uma verdadeira surpresa! O senso comum nos diz que é mais como raiva, mas a pesquisa diz o contrário. Como é frequentemente o caso, nosso bom senso nem sempre acerta.
Psicologia do ódio: diferenças entre ódio e raiva
O ódio e a raiva são diferenciados em termos de avaliação, tendências de ação e objetivos motivacionais. No que diz respeito às avaliações, a conduta irada é descrita como sendo influenciada e modificável.
No caso do ódio, porém, a conduta é considerada estável e incapaz de alterar suas características negativas. Além disso, essas avaliações são direcionadas à pessoa e não às suas ações, como no caso da raiva.
Em relação às tendências de ação e objetivos motivacionais, o ódio difere da raiva na medida em que visa prejudicar, humilhar ou destruir (matar) o outro, enquanto a raiva visa forçar o outro a agir de determinada maneira. Embora ambos tenham algumas semelhanças, seus objetivos emocionais são totalmente diferentes.
Correlato Neural na Psicologia do Ódio
Em uma pesquisa verificou-se que ver um rosto odiado aumenta a atividade do giro frontal medial, especificamente no putâmen direito, córtex pré-motor, lobo frontal e ínsula medial.
Os pesquisadores também descobriram três áreas onde a ativação está linearmente correlacionada com os níveis de ódio: a ínsula direita, o córtex pré-motor direito e o giro frontomedial direito.
A pesquisa mostra que há um padrão único de atividade cerebral quando a pessoa sente ódio. Embora esse padrão seja diferente daquele associado ao amor romântico, os dois compartilham duas áreas: o putâmen e a ínsula.
Psicologia do ódio e a teoria do triângulo
Como a teoria triangular do amor, o ódio também tem uma estrutura triangular segundo o modelo teórico de Sternberg. Os três componentes desta estrutura são: intimidade, paixão e compromisso. No caso do ódio, estes são apresentados em sua versão negativa.
Intimidade
O primeiro componente do ódio é a negação da intimidade. Se no amor, a intimidade implica proximidade afetiva, no caso do ódio, sua negação implica uma busca ativa de distanciamento emocional, de desapego.
Essa distância se deve ao fato de o indivíduo ou grupo despertar repulsa ou nojo naqueles que sentem ódio. Esses sentimentos podem ficar adormecidos por anos.
Passione
A paixão no ódio é composta de medo ou raiva em resposta a uma ameaça. A raiva leva a aproximar-se do objeto odiado para atacá-lo ou destruí-lo, enquanto o medo leva à sua evitação.
A reação de luta e fuga faz parte do ódio, porque a pessoa é percebida como um perigo real ou imaginário, então você tem que fugir ou eliminá-lo.
compromisso
Este componente é caracterizado por desvalorizações e atitudes de desprezo em relação ao que você odeia, seja um grupo ou uma pessoa. É muito comum que o objeto odiado seja visto como subumano.
O objetivo de quem promove o ódio é que o grupo ou pessoa seja desvalorizado pelos outros também e percebido como algo a ser rejeitado, destruído ou prejudicado.
Como na teoria triangular do amor, a combinação desses três componentes forma diferentes tipos de ódio:
- Freddo: desgosto (negação de intimidade). Caracterizado por sentimentos de desgosto.
- Quente: raiva / medo (paixão). É caracterizada por sentimentos de raiva ou medo. A reação pode ser fuga ou ataque.
- Frio: desvalorização/diminuição (compromisso). Esse tipo de ódio frio é baseado em pensamentos de indignidade em relação à pessoa ou grupo odiado.
- Ebulição: desgosto (negação de intimidade + paixão). É caracterizada por sentimentos de nojo combinados com raiva ou medo em relação ao objeto odiado.
- Ferver: desgosto (negação de intimidade + compromisso). Baseia-se em sentimentos de aversão e pensamentos de indignidade em relação à pessoa ou grupo odiado. Há também sentimentos de desgosto.
- Quente: insulto (paixão + compromisso). A pessoa odiada é uma ameaça, sempre foi e sempre será.
- Burning: aniquilação (negação de intimidade + paixão + compromisso). Caracteriza-se por um desejo veemente de destruir o outro, de aniquilá-lo.
conclusões
O ódio é um sentimento que causou muita destruição em nosso planeta, resultando não apenas na morte de milhões de vidas humanas, mas também de animais.
Embora esse sentimento tenha evoluído para fins adaptativos, a maneira como o usamos afeta não apenas nossa sobrevivência como indivíduos, mas também como espécie.