Fornecer conforto e apoio para nós mesmos é tão ou mais importante do que dar aos outros. No entanto, estamos mais acostumados a nos criticar por nossos erros do que a ter compaixão por cada queda e decepção.
Última atualização: 15 de julho de 2022
Nos tratamos bem? Oferecemos conforto a nós mesmos da mesma forma que oferecemos aos outros? A verdade é que muitas vezes isso não acontece. Segundo a ciência, ignorar técnicas de autoconforto aumenta o risco de sofrer de transtornos de ansiedade ou depressão.
Via de regra, tendemos mais à autocrítica do que ao autoconforto. Fazemos isso porque nossa educação e os rígidos cânones da sociedade nos levam a ser perfeitos e infalíveis. Nós nos esforçamos para não cometer erros, ser altamente eficazes, competitivos e ser os melhores trabalhadores, os melhores parceiros, os melhores pais, os melhores amigos, etc.
Buscamos níveis de desempenho tão altos que não haja espaço para vulnerabilidades, erros ou falhas. Não é fácil consolar-se quando se olha com culpa e não com afeto. Não é fácil quando fomos treinados para ser duros conosco mesmos para alcançar a preciosa - e impossível - perfeição.
Proporcionar conforto significa sentir-se humano e entrar em contato com nossas emoções.
5 técnicas de autoconforto em tempos difíceis
As técnicas de autoconforto são estratégias psicológicas destinadas a oferecer calma, alívio emocional e esperança. Portanto, eles ajudam a trabalhar consigo mesmos para encontrar o mesmo bem-estar que é obtido quando você recebe um abraço ou palavras de apoio. Dar-nos essas carícias emocionais é lícito, necessário e positivo.
Ao passar por um momento ruim, é sempre bom contar com o conforto de quem está ao nosso redor; no entanto, não podemos contar apenas com essas fontes externas.
Nem todo o apoio que recebemos tem que vir do nosso círculo social. Precisamos obter conforto, apoio, consolo e validação emocional de nós mesmos também. Por isso, vale a pena conhecer algumas estratégias básicas para dominar essa arte tão necessária.
1. Aceite emoções desagradáveis
A Pontifícia Universidade Comillas de Madri, na Espanha, realizou uma interessante pesquisa sobre o assunto. A terapia focada na emoção, por exemplo, parece fornecer recursos valiosos para o desenvolvimento de habilidades de autoconforto.
Muitas pessoas não podem aceitar facilmente as realidades internas mais problemáticas e problemáticas. Tristeza, frustração ou raiva por decepção, fracasso ou mesmo angústia são os que normalmente evitamos.
É mais fácil usar o piloto automático e agir como se essas emoções não existissem. Diante disso, uma das estratégias de autoconforto é abrir espaço para o que dói e validar cada emoção, mesmo aqueles com valor negativo.
Sob nenhuma circunstância devemos dizer a nós mesmos: "Não é nada, é tolice se sentir assim ou ficar com raiva assim". O ideal, sim, é aceitar todos os estados de espírito.
Deve-se ter em mente que os sentimentos dolorosos geralmente são temporários. Eles vão enfraquecer gradualmente se não os evitarmos, os negarmos ou nos opormos a eles.
2. Técnicas de autoconforto: ser gentil consigo mesmo
A psicóloga Kristin Neff é conhecida por seus pais contribuições científicas para um conceito fundamental em psicologia: a autocompaixão.
Ser compassivo, portanto, bondoso consigo mesmo significa deixar de julgar-se pelas próprias falhas e erros e aceitar-se incondicionalmente.
Mas que mecanismos ou estratégias podem nos ajudar a desenvolver a autocompaixão? Aqui estão alguns exemplos simples:
- Mime-se com tempo de qualidade, descanse, envolva-se em atividades que tragam paz ou satisfação.
- Não rotule suas emoções como positivas e negativas, não se julgue. Abrace a pessoa que você está aqui e agora, com suas emoções.
- Usando técnicas de relaxamento para aliviar a tensão, para se conectar melhor consigo mesmo a partir de um estado calmo e pacífico.
3. Menos autocrítica e mais autoempatia
Outra técnica de autoconforto que podemos usar é desligar o diálogo interno crítico. Todos nós temos um juiz, que pode ser verdadeiramente implacável e não perdoar certos erros, punir porque nos sentimos vulneráveis, rotular-nos como fracos e menosprezar-nos porque nem sempre são eficazes e decisivos.
Para combater a autocrítica, precisamos ser mais empáticos conosco. Godfrey T. Barrett-Lennard, professor de psicologia da Murdoch University (Austrália), fala sobre uma pesquisa. A psicoterapia, argumenta ele, deve treinar o paciente nesta competência básica.
A auto-empatia permite que você se sintonize com a parte de si que sofre, que tem medo, que navega na tristeza e que precisa de conforto. Se você é empático com amigos ou familiares, por que não fazer o mesmo com você mesmo?
Deixar de ser tão rigoroso e exigente consigo mesmo pode ser difícil. No entanto, precisamos nos treinar para usar um diálogo interno mais gentil e empático.
4. Refúgios para desabafar, refúgios para limpar a mente
Confortar significa criar um espaço seguro para a pessoa chorar e expressar suas necessidades. Da mesma forma, fornecer meios e estratégias para deixar de lado o sofrimento e abraçar a vida. Devemos fazer isso também conosco.
Entre as várias técnicas de autoconforto, recomenda-se encontrar canais que permitem que você desabafe suas emoções. Escrever, ouvir música... Todo mundo sempre tem seus próprios refúgios catárticos para deixar seu eu interior sair.
Por outro lado, não hesitamos em nos conectar com cenários que podem nos relaxar, pensar em outras coisas, distrair a mente (caminhar, viajar sozinho, etc).
5. Técnicas de autoconforto: a transitoriedade da dor
Há outra estratégia útil em tempos difíceis: lembre-se que nada é eterno e que a dor dificilmente durará para sempre. Somente quando negamos, o sofrimento dura mais do que o esperado; só quando reprimimos a ferida ou nos descuidamos, a angústia se torna crônica.
Aceitamos esse inesperado, esse fracasso, essa perda. Vamos nos oferecer conforto como se fosse nosso melhor amigo. Não vamos virar as costas, mas tentamos ser o melhor suporte para nós mesmos.