Os novos meios de comunicação afetam a qualidade de nossas relações pessoais?

Os novos meios de comunicação afetam a qualidade de nossas relações pessoais?

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Última atualização: 17 setembro, 2019

Peter Drucker disse uma vez uma coisa muito singular que se choca com os novos meios de comunicação: "Na comunicação o mais importante é ouvir o que não é dito".

No entanto, como entender o que não está sendo dito se não temos a oportunidade de observar diretamente nosso interlocutor? Como saber se o silêncio dele é comunicativo ou se ele simplesmente não fala porque está ocupado fazendo algo que chamou sua atenção e interrompeu a conversa?



Como argumentou Drucker, uma conversa envolve muitos gestos, movimentos e expressões que não “falam”, mas dizem muito. No entanto, com os meios de comunicação que temos hoje disponíveis, como aplicativos de mensagens instantâneas ou e-mail, esses detalhes se perdem. Alguém se pergunta, a qualidade de nossos relacionamentos pessoais é afetada por tudo isso?

O novo meio de comunicação

Há, sem dúvida, novas formas de comunicação que estão mudando a forma como vemos o mundo. O que antes era uma simples conversa entre pessoas ou um telefonema, agora se tornou um bate-papo em grupo no WhatsApp, um comentário no Facebook ou um post de 140 caracteres. su Twitter. Estes são apenas alguns dos exemplos mais comuns.

As novas tecnologias estão mudando rapidamente a forma como nos comunicamos. O contato cara a cara parece cada vez mais obsoleto. Neste sentido, mesmo que os novos meios proporcionem muitas vantagens, como comunicação mais rápida e prática, também apresentam aspectos negativos. Vamos pensar sobre isso, uma conversa no WhatsApp e uma conversa presencial são igualmente eficazes?

De acordo com o psicólogo cognitivo David R. Olson, existem alguns fatores a serem levados em consideração. Acrescentamos ainda que a comunicação se divide em três atos: locutivo, ilocucionário e perlocutivo.



O ato locutivo refere-se à produção dos sons, das palavras e do significado da oração. O ato ilocucionário diz respeito à força da oração e, por fim, o perlocutivo refere-se aos efeitos ou intenções da oração, por exemplo, inspiração, irritação, engano ou impressão.

Vamos dar um exemplo:

Ele me disse: "Dê a ele". - Ato locutivo.

Ela me aconselhou a dar a ela. - Ato Ilocutivo.

Ela me convenceu a dar a ela. - Ato perlocutivo.

O ato locutivo é a simples ação de dizer algo enquanto o ato ilocucionário implica diferentes usos da mesma frase com base em como ela é entendida quando é pronunciada (por exemplo, dependendo do contexto, a frase "estou com frio" pode sublinhar o desejo do interlocutor de fechar a janela ou pedir emprestado seu casaco ou pode ser simplesmente uma informação sobre seu estado físico etc.).

Quais são as conclusões alcançadas pelo psicólogo?

Uma realidade comunicativa diferente em que o ato ilocucionário se perde

Considerando que uma conversa não pode ser transposta exatamente em escrita e leitura, segundo Olson, o ato ilocucionário se perde com os novos meios de comunicação, portanto, apenas o ato locutivo e o perlocutivo são mantidos.

Portanto, faltam alguns aspectos relevantes da comunicação, como tom de voz e suas flutuações. Claro que podemos usar sinais de pontuação para indicar exclamação ou letras maiúsculas para "elevar a voz", mas não é possível interpretar o sotaque ou entonação que poderia indicar nervosismo, raiva, decepção, etc.

Esse déficit nos aspectos locutivos da conversa pode gerar não apenas frustração ou insegurança no destinatário ou destinatários da mensagem, mas também no remetente, pois ele pode ter a sensação de que algo está faltando para que o interlocutor possa entendê-lo.


Particularidades do novo meio de comunicação

Outra peculiaridade desses novos meios de comunicação diz respeito às conversas com estranhos. Em outras palavras, não podemos entender como é o interlocutor não tê-lo na frente dele, é mais difícil ter uma ideia dessa pessoa.


Não podemos afirmar com certeza se isso é ou não um aspecto negativo. É simplesmente diferente. O certo é que a proximidade, a proximidade e o ato ilocucionário falham. Na verdade, isso poderia dar espaço para inferências relacionadas às reais intenções do interlocutor.


É evidente, portanto, que a comunicação virtual não é necessariamente pior do que a comunicação tradicional, é simplesmente diferente e adequada para diferentes propósitos. Além disso, hoje em dia temos dispositivos tecnológicos que nos permitem fazer uma chamada de vídeo para uma pessoa, depois ligar e vê-la ao mesmo tempo.

Quando duas pessoas se comunicam via WhatsApp, por exemplo, ou com outros aplicativos de mensagens instantâneas, há outra variável a ser considerada. Se essas pessoas se conhecem bem, uma parte do ato ilocucionário pode ser preservada, portanto, os dois interlocutores poderão interpretar suas respectivas mensagens de maneira bastante correta.

Na realidade, novas mídias e novas formas de comunicação simplesmente oferecem mais às conversas. Isso afeta a qualidade da comunicação? É claro que a tecnologia nos permite manter conversas que de outra forma não poderíamos ter, mas de alguma forma penaliza sua qualidade.

Por fim, alguns estudos revelam que o crescente sentimento de solidão na sociedade atual depende em parte do uso de determinados meios de comunicação em detrimento de outros. Do outro lado da tela pode haver pessoas, mas é difícil ouvi-las "de perto". Uma videochamada nos permite olhá-los nos olhos, mas não nos dá a oportunidade de abraçá-los ou pegá-los pela mão.


É correto usar a tecnologia para se comunicar com quem está longe, mas vamos deixar isso de lado para conversar com quem está perto. Aproveitamos as novas formas de comunicação, mas não deixamos que suas deficiências comprometam nossas relações pessoais.

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